A mobilidade urbana é um dos desafios quando se pensa em inclusão social, especialmente das pessoas com alguma deficiência física. A autonomia para ir e vir é fundamental, por isso, projetar espaços que sejam acessíveis a todos é o primeiro passo para uma cidade integrada com ambientes e edificações que possam ser habitados pela população em geral.     

Hoje, 21 de setembro, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência queremos provocar essa reflexão a partir do olhar da arquiteta Silvana Cambiaghi, que é Mestre em Desenho Universal, Fundadora e atual Presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade de São Paulo (CPA) e reconhecida com o 22º Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, em 2008, pelo seu livro Desenho Universal: Métodos e Técnicas para Arquitetos e Urbanistas.

Segundo ela, o ideal seria que qualquer edificação, ambiente urbano ou produto fossem projetados e concebidos segundo os preceitos do Desenho Universal, para que possam ser usados por qualquer pessoa, independentemente do tamanho do seu corpo, sua postura ou sua mobilidade. “Espaços projetados com esse conceito contemplam crianças, adultos altos e baixos, anões, idosos, gestantes, obesos e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. É inclusivo e acessível, pois tem como objetivo evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiências, assegurando que todos possam ter segurança e autonomia”, explica.

Evoluir para incluir

No Brasil, destaca a arquiteta, não há cidades que podem ser exemplos de desenho universal. Pelo contrário, o que ainda se encontra pelo país são calçadas estreitas, com desníveis, malcuidadas e com material inadequado; faltam guias rebaixadas ou faixas elevadas; e há obstáculos suspensos.

Também na maioria dos municípios, os transportes públicos não têm desenho universal, eles são adaptados para receber pessoas com deficiência. Mas a especialista cita bons exemplos nesse segmento, como os ônibus de piso baixo que circulam nas principais avenidas da cidade de São Paulo (SP) e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Rio de Janeiro (RJ).

O Brasil, como os demais países, teve garantias de acessibilidade a partir do Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, em 1981. Mas, ao contrário dos Estados Unidos, Canadá e de países da Europa que evoluíram rapidamente no tema, por aqui ainda estamos defasados, apesar do avanço na regulamentação com leis e normas de acessibilidade.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, incentiva e assegura, em condições de igualdade, o pleno exercício dos direitos e liberdades fundamentais pelas pessoas com deficiência.

A legislação impulsionou discussões sobre acessibilidade, com vários interlocutores em empresas e universidades, e foi fundamental para estabelecer regras e normas voltadas à acessibilidade em todos os ambientes, como prédios comerciais e residenciais, empreendimentos educacionais, de trabalho e de lazer, entre outros ambientes.

Desenho universal e acessibilidade

Neste sentido, o Brasil avançou, mesmo que ainda tenhamos que vencer barreiras para garantir a autonomia das pessoas. Os produtos desenvolvidos para atender a acessibilidade, por exemplo, evoluíram e hoje há mais fabricantes no mercado, ofertando soluções e, consequentemente a procura aumentou. “Mas ainda falta atenderem o desenho universal, com um design bonito, elegante e acessível a todos os bolsos, e que sejam simples, intuitivos, fáceis de encontrar em qualquer loja ou representantes”, destaca a arquiteta.

A partir da sua experiência pessoal e profissional, Silvana acredita que o caminho para melhorarmos a inclusão de pessoas com deficiência e a acessibilidade, inclusive pensando no envelhecimento da população, temos de buscar meios de atender os princípios do desenho universal.  “Precisamos ter como meta que qualquer produto, serviço, edificação, projeto urbano, etc., devem ser pensados para atender o maior número de pessoas possíveis, independente de sua idade ou características física, sensorial ou cognitiva”, avalia a arquiteta. A inclusão de pessoas com deficiência é um dos pilares do nosso Programa de Diversidade e Inclusão. Além disso, atuamos com foco em acessibilidade, com uma área exclusiva destinada a desenvolver produtos como plataformas, elevadores residenciais e cadeiras especiais para tornar os mais diversos empreendimentos de uso público ou privado e os demais ambientes da sociedade acessíveis a todos.

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